|
|
Autor:
|
Raquel Maranhão Sá
|
|
Editora:
|
Raquel Maranhão Sá
|
|
Páginas: | 330 | | Ano: | 2003 | | ISBN: | 8590421112 | |
Raquel Sá vem complementar o trabalho de sistematizar a história do cinema em Brasília, iniciada por Vladimir Carvalho no livro Cinema Candango - Matéria de Jornal (Edições Cinememória, 2002). São mais de quatro décadas para um número de filmes que, se não chega a ser proporcional, já configura uma produção considerável - e coloca Brasília entre os maiores pólos cinematográficos do país. Basta isso para justificar o levantamento desse trabalho, que reuniu entrevistas com 51 nomes ligados ao cinema brasiliense.
Dizer que o livro vem preencher uma lacuna na literatura cinematográfica brasileira pode parecer lugar-comum, mas não é exagero, pois, por meio de entrevistas minuciosas, oferece um painel sobre o modo como o cinema é pensado e praticado fora do eixo Rio-São Paulo. Descentralizar é preciso.
Em Cineastas de Brasília, o leitor encontra depoimentos de diretores que se radicaram em Brasília e de outros que aqui nasceram, se radicaram ou foram criados. Há também a presença de nomes que contribuíram à formação de cineastas, no pioneiro e efêmero curso da Universidade de Brasília, como Maurice Capovilla (que não chegou a filmar na capital) e
Jean-Claude Bernardet, espécie de discípulo de Paulo Emílio Salles Gomes, co-roteirista do documentário Brasília, Contradições de uma Cidade Nova, de Joaquim Pedro de Andrade.
Há, por outro lado, o caso de jovens forasteiros que começaram a estudar Cinema na UnB e tiveram que concluir o curso fora daqui. É o caso de Tizuka Yamasaki, que rodou parte do docudrama Patriamada na cidade e costuma dizer que sua vida se divide em antes e depois de Brasília, onde ela descobriu o Brasil. Numa das melhores entrevistas do livro, por sinal, Tizuka descreve bem o que era a vida na Brasília dos anos de chumbo.
Pode-se considerar a prática cinematográfica ainda incipiente numa cidade em que, apesar de novos diretores pipocarem, e da vistosa vitrine do Festival de Brasília, o chamado Pólo de Cinema e Vídeo é pouco mais que uma ficção mal-encenada.
O cinema digital, que vem facilitando o acesso aos meios de produção em todo o planeta, começa a se impor. E o que tantos veteranos que se recusavam a fazer - filmar a vida e personagens da cidade em ficção, em vez de buscar locações em outros estados - novas gerações prometem suprir, a começar por Subterrâneos, o primeiro (e aguardado) longa-metragem de José Eduardo Belmonte.
Trata-se, ainda, de um cinema em busca de identidade, que ainda tateia para firmar-se como expressão de uma cidade-síntese da cultura brasileira e da sua própria cultura - caminho que Fala Brasília, seminal e pioneiro ensaio documental de Nelson Pereira dos Santos, já apontava, em 1966. Outro mérito do livro é dar voz aos criadores para que confessem, por exemplo, não ter interesse em Brasília como tema (Geraldo Moraes) ou que acham a cidade difícil de ser filmada (Pedro Jorge de Castro). (Sinopse: 2001 Vídeo)
VOCÊ GOSTARIA DE:
SEU VOTO SOBRE ESTE LIVRO:
|