Autor:
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Andrea Franca
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Editora:
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Sette Letras
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Páginas: | 128 | | Ano: | 1996 | | Temas: | Ensaios, Sobre Filmes, Cinema Mundial | | ISBN: | 8585625511 | |
Um estudo sobre os filmes "A Liberdade é Azul", "A Igualdade é Branca" e "A Fraternidade é Vermelha", do cineasta polonês Krzystof Kieslowski. A autora faz uma análise extremamente atenta destes episódios e utiliza grande número de entrevistas com o diretor e equipe. (Sinopse: Roberto Pires)
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TRECHOS SELECIONADOS: ... Entendemos o 'conceito' de igualdade como se nós todos quiséssemos ser iguais (...). Não creio que desejemos realmente ser iguais. Todos querem ser mais iguais. Na Polônia se diz: existem aqueles que são iguais e aqueles que são mais iguais ... (pág. 16) ... Quis tratar o assunto num plano bem íntimo. O que a liberdade representa para mim, para você ...Vivemos clamando or ela, mas raramente estamos dispostos a exercê-la ... (pág. 17) ... A fraternidade existe desde que estejamos prontos para escutar o outro. Nesta loucura cotidiana, nesta obsessão por alcançar por tudo aquilo que nos parece importante, quando encontramos um pequeno momento e um pouco de paciência para escutar o outro, já podemos falar em fraternidade. (pág. 38) ... Talvez esta seja a mais alta determinação do cinema de Kieslowski, a mais alta afirmação do seu pensamento: dado um mundo que não tem nada de racional, definitivo e concreto, como fazer as escolhas? De que modo escolher bem? Por que escolher isto e não aquilo? Se nos defrontarmos constantemente com alguma coisa que nos escapa, como nos restituir o mundo, o eu, as palavras e as coisas? (pág. 88) ... A trilogia propõe um liame de união entre Bleu, Blanc e Rouge: eles respondem a um desenho particular, na medida em que cada um, a sua maneira, modula múltiplas faces para os três valores universais oriundos da Revolução Francesa. Trata-se de um tipo de série cujo conjunto, composto de três histórias, não pode ser visto isoladamente . Sem dúvida, cada narrativa possui sua tonalidade própria e seu ritmo particular, mas a questão é que se elas não se fecham sobre si mesmas e não podem ser pensadas como parte de um todo - que também não se fecha. Vista isoladamente, cada uma ficaria privada de seus outros dois complementos, o que conduziria a uma apreensão periférica e questionável. (pág. 60) ... A questão da narração na trilogia fica assim articulada à questão da coexistência de relações de tempo dentro da imagem e, desta maneira, condiciona a pertinência do pensamento de Deleuze na medida em que este propõe como alternativa ao entendimento do cinema como uma estrutura de linguagem, as formas sensíveis de imagens onde as relações de tempo aparecem para potencializar as metamorfoses e multiplicar as perspectivas. (pág. 110)
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